A área de Saúde é responsável pela produção de cuidados integrais de saúde no sistema de serviços público e privado, por meio de ações de apoio ao diagnóstico, educação para a saúde, proteção e prevenção, recuperação e reabilitação e gestão em saúde, desempenhados por profissionais das diferentes subáreas que a compõem. Está diretamente relacionada com todas as áreas da atividade humana como, por exemplo: Ciências da Natureza (Biologia, Anatomia e Fisiologia Humanas, Microbiologia, Física, Química, Matemática e Ecologia) origem de suas bases científicas; Ciências Humanas (Sociologia, Antropologia, Psicologia e Filosofia) origem dos recursos cognitivos e socioafetivos que criarão a base ética, política e social do trabalho em Saúde; Linguagens e Códigos, origem das bases instrumentais que formarão as competências relativas à melhor e maior utilização de ferramentas e recursos tecnológicos hoje disponíveis aos profissionais da área e à utilização adequada da comunicação e na interlocução com os membros da equipe e com o sistema; Meio Ambiente pelo reconhecimento do homem como agente e paciente de transformações por ele produzidas no meio, e pela identificação de possibilidades de intervenção visando à preservação da vida e do ambiente natural. Nesta pluralidade de princípios, o objetivo deste curso é oferecer condições para que os alunos desenvolvam as competências gerais da área de Saúde e as específicas da qualificação e da habilitação técnica de nível médio, definidas a partir da análise do processo de trabalho da Enfermagem, respeitando valores éticos e políticos mantendo compromisso com a qualidade, o trabalho, a ciência, a tecnologia e as práticas sociais relacionadas aos princípios da cidadania responsável.
No Brasil, o modelo de assistência à saúde ainda é baseado numa organização “hospitalocêntrica” da assistência médica, na sofisticação tecnológica, na exacerbação da demanda espontânea e no privilegiamento do saber clínico, mas há uma consciência crescente no âmbito do governo e da sociedade de que se faz necessária uma mudança do modelo assistencial predominante e uma reordenação do sistema de saúde com vistas priorizar a manutenção da saúde em vez da cura das doenças, a desospitalização, transferindo o atendimento para o domicílio, e a utilização de terapias alternativas ou complementares, que vêm se tornando uma vertente em rápida evolução no mundo.
Atua-se num mercado que é hoje, no Brasil, um dos maiores e mais complexos do mundo, caracterizado por grandes transformações, ao mesmo tempo em que se convive com problemas antigos que ainda permanecem sem solução. O desafio posto pela realidade é adotar medidas concretas no sentido de conquistar uma nova dimensão de atenção à saúde, envolvendo novos âmbitos físicos de atuação profissional (estabelecimentos de saúde, domicílios, escolas, creches, fábricas, comunidade), novos processos de trabalho (atenção à família, vigilância à saúde, hospitaldia, acolhimento, internação domiciliar) e a humanização do cuidado na perspectiva do cliente/ paciente. Este novo modelo de atenção estabelece a integralidade como um princípio ou diretriz que contempla as dimensões biológicas, psicológicas e sociais do processo saúde-doença mediante a promoção, proteção, recuperação e reabilitação, inclui a humanização do cuidado, deve ser difundido como uma nova cultura da saúde na educação profissional. A ideia da saúde como condição de cidadania, que assegura
mais e melhores anos à vida, aponta para certas especificidades dos trabalhadores de saúde: os compromissos desses agentes com uma concepção ampliada de saúde transcendem o setorial e diversificam tendencialmente, os seus campos de prática e de formação. A integralidade do cuidado procura ver o cliente/ paciente como um todo, resolvendo os seus problemas de forma integral pela equipe de saúde na qual se insere o profissional de nível técnico. Para atender às atuais exigências e preparar-se para o futuro, o trabalhador precisa ser capaz de identificar situações novas, de organizar-se, de tomar decisões, de interferir no processo de trabalho, de trabalhar em equipe multiprofissional e, finalmente, de resolver problemas que mudam constantemente. A mudança dos modelos requer também a identificação de espaços sociais onde se realizam hoje as práticas de Saúde, sendo imprescindível reconhecer outros espaços de atuação, como as escolas, as creches, o domicílio, a comunidade como locais de trabalho. Para atender às necessidades da área de Saúde é necessário preparar o profissional para o pleno exercício de suas funções mentais, cognitivas e socioafetivas, com capacidade de aprender com autonomia e assimilar o crescente número de informações, de adquirir novos conhecimentos e habilidades e de enfrentar situações inéditas com dinamismo, flexibilidade e criatividade, compreendendo as bases sociais, econômicas, técnicas e científicas.
Assim, esta revisão de paradigmas e pressupostos dessa área profissional, no sentido de atender às demandas geradas pelo mercado hoje, pressupõe uma redefinição dos perfis dos trabalhadores de Saúde, o que justifica a reformulação do plano de curso da habilitação de TÉCNICO EM ENFERMAGEM, proposto pelo Centro Paula Souza para acompanhar as transformações tecnológicas e socioculturais do mundo do trabalho, especialmente na área da Saúde e no campo da Enfermagem.
Objetivos
• Formar TÉCNICOS e AUXILIARES DE ENFERMAGEM capazes de atuar como agentes na promoção da saúde, na prevenção das doenças e na recuperação dos que adoecem, visando à integralidade do ser humano.
• Possibilitar o desenvolvimento de competências que permitam ao aluno exercer a sua cidadania ativa, de forma solidária, no exercício das funções de TÉCNICO EM ENFERMAGEM e AUXILIAR DE ENFERMAGEM.
• Levar o futuro profissional a colocar em suas ações a ciência, a tecnologia e a ética a serviço da vida.
• Integrar o futuro TÉCNICO e AUXILIAR DE ENFERMAGEM com o mercado de trabalho por meio da convivência com o meio profissional.
O curso de TÉCNICO EM ENFERMAGEM acha-se estruturado em quatro módulos sequenciais, articulados, com carga horária para o período diurno de 1961 horas, das quais 654 horas serão de estágio supervisionado; para o período noturno a carga horária é de 1902 horas, das quais 654 horas serão de estágio supervisionado. Módulos, importante instrumento de flexibilização e abertura curricular, permitem a construção de uma estrutura que possibilita o desenvolvimento de um conjunto de competências significativas, e que articulados, conduzem à obtenção de certificações profissionais. O Ceeteps, através da Coordenadoria de Ensino Técnico, organizou a estrutura curricular dos cursos técnicos, em módulos, a partir da definição de perfis profissionais de conclusão, elaborados com a participação de
Coordenadores de Área, Docentes, após consultas ao mercado de trabalho. Foram utilizados os seguintes critérios na organização dos módulos:
• identificação de perfis de conclusão de cada módulo e da habilitação;
• identificação das competências correspondentes, tendo como parâmetro o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, Eixo Tecnológico “Ambiente e Saúde” e a legislação específica que regulamenta o Curso de TÉCNICO EM ENFERMAGEM;
• organização dos processos de ensino e aprendizagem.
REQUISITOS DE ACESSO E TEMPO DO CURSO
O ingresso no primeiro módulo do Curso TÉCNICO EM ENFERMAGEM dar-se-á por meio de processo classificatório, para alunos que tenham 18 anos completos em 31 de janeiro para matrículas no primeiro semestre ou 18 anos completos até 31 de julho para matrículas no segundo semestre e concluído, no mínimo, a primeira série do Ensino Médio.
O curso é composto por 4 módulos com um tempo de duração de 2 anos, sendo dois módulos por ano. Os primeiro e segundo módulos corresponderão à Qualificação Profissional de AUXILIAR DE ENFERMAGEM, que será certificada ao aluno que os concluir. O terceiro módulo não terá caráter de terminalidade e não conduzirá à qualificação profissional, trata-se de um módulo destinado à constituição de competências que darão embasamento ao quarto módulo. Cursando os quatro módulos, o aluno concluirá a Habilitação Profissional de TÉCNICO EM ENFERMAGEM, desde que tenha concluído, também, o Ensino Médio ou equivalente.